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30/04/2009

Não Precisamos de Martires




Na antiga cosmologia da religião, o mártir do sucesso ia para o céu. Na visão de mundo moderna, mártires bem sucedidos podem entrar para a história. Quanto maior o auto-sacrifício, quanto maior o sucesso em criar um papel (ou ainda melhor, em deixar um papel completamente novo para as pessoas se igualarem – isto é o eco-guerreiro), ganha-se uma recompensa na história – o céu burguês.

BNegão e Os Seletores De Freqüência - Enxugando Gelo (2003)


"Enxugando Gelo" foi considerado por muitos como um dos melhores CDs brasileiros lançado em 2003. O disco apresenta a sonoridade típica das ruas, responsável por dar sustentação lírica e instrumental ao trabalho do rapper BNegão e do sexteto Os Seletores De Freqüência, formado pelo guitarrista Gabriel Muzak, o baterista Pedro Garcia, o baixista Kalunga, o DJ Rodrigues, o trompetista Pedrão e os vocais de Paulão. Juntos, eles fundem dub, rap, funk, hardcore, bossa e samba. Agora clica aqui enfia essa sonzera na sua toca também.


1. A Palavra / O Primeiro Passo
2. Nova Visão
3. Seletores de Frequência
4. Enxugando Gelo
5. (Funk) Até o Caroço
6. A Verdadeira Dança do Patinho
7. Qual É O Seu Nome?
8. O Opositor
9. No Hay
10. V.V.
11. Dorobo
12. O Processo
13. Prioridades

BLACK ALIEN - BABYLON BY GUS VOL 1 - O ANO DO MACACO



Intelectual do rap

Muito articulado, bom de papo, Black Alien é um intelectual do rap. Gosta de cinema, de literatura e se diz fã de Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Luiz Gonzaga, Vinícius de Moraes, Clementina de Jesus, Dorival Caymmi e Chico Buarque, que é citado na letra de Caminhos do Destino. Mas será ele escuta tudo isso mesmo?

“Desse pessoal todo, hoje eu escuto realmente Chico Buarque e João Gilberto, que é a minha maior influência na hora de compor. E o Planet Hemp era Chico Buarque puro!”, exagera Black Alien.

A banda é citada pelo rapper como um dos motivos para a demora em lançar seu CD solo. E também por tê-lo lançado agora.

“O sucesso do Planet Hemp e meu lado de compositor me sustentaram durante muito tempo. Talvez eu tenha ficado preguiçoso; gosto do meu sossego. Mas, em 2004, não estou nem no Planet nem no Reggae B. Com 32 anos, me dei conta de que eu precisava de mais”, conta o rapper, que assinou contrato com a Deckdisc em março deste ano, depois de dois anos de negociação.

O título do CD, Babylon by Gus, faz referência a um LP clássico de Bob Marley, Babylon by Bus. O subtítulo, O Ano do Macaco, refere-se a 2004, que assim é definido no horóscopo chinês. E Vol. 1 indica que o número 2 certamente virá. Mas Black Alien prefere não fazer planos para o futuro.

“Eu queria fazer um disco para as meninas dançarem. Não me importava o que os ‘manos’ iriam pensar. O Rafael Ramos (diretor artístico da Deckdisc) e o Alexandre Basa (produtor) também pensavam assim. Não preciso da opinião de xiitas da música”, dispara o rapper. “Este é um disco sem nenhum palavrão, sem termos como DJ, MC, que são lugares-comuns. Pode ser que o Vol. 2 seja totalmente diferente, mas ainda não sei.”

Por enquanto, o versador de Niterói só tem uma certeza: vai colocar seu maior patrimônio, as letras que faz, no seguro. Afinal, como ele mesmo define na música Babylon by Gus, “Com a caneta e o papel irradio pus / A caneta e o papel, irradio luz”. Coloque essa pedra na sua toca também.

1. Mister Niterói
2. Caminhos do Destino
3. Babylon by Gus
4. U - Informe
5. Como Eu Te Quero
6. Umaextrapunkprumextrafunk
7. Estilo do Gueto
8. Primeiro de Dezembro
9. Na Segunda Vinda
10. Perícia na Delícia
11. América 21
12. From Hell do Céu

MARCELO D2 - Hip Hop Rio





Marcelo D2 abre o disco como se fosse realmente o mestre de cerimônias de uma festa Hip Hop Rio - que empresta o nome ao disco e que virou, nos últimos três anos, uma celebração do rap carioca ainda não-cooptado pela indústria. Celebração na festa e no disco: concebido para mostrar a diversidade do hip hop da Cidade Maravilhosa, o disco comandado pelo vocalista do Planet Hemp dá algumas pistas interessantes sobre por onde a evolução do gênero pode caminhar aqui no Brasil. E também tira um pouco do ranço que paira sobre o rap do Rio, que a máquina da mídia insiste em confundir com tigrões e tchutchucas. Há uma legítima cena de b-boys cariocas, com suas peculiaridades e estilos próprios. Os cariocas ainda não desfrutam do prestígio e da estrutura que o rap paulistano construiu, mas artisticamente já não passam mais vergonha.

Basicamente, o que o hip hop do Rio tem de diferencial sobre o resto - leia-se o som pesado e contundente de Racionais MCs, De Menos Crime e outros gangstas de SP - é uma descontração maior nos temas, um suíngue diferente nas bases. Pode ser a proximidade com a praia, com as escolas de samba. O próprio D2 dá a pista em sua faixa A Maldição do Samba (com direito a sample de Marku Ribas): batucada é batucada, seja com ganza & cuíca ou scratches & beat box. Hip Hop Rio, o disco, investe na diversidade. Há momentos mais dançantes, "para cima", como Lenda Viva, d'Os Inumanos - que apostam na batida dançante e no humor. Outra ótima surpresa é a mistura de samba com reggae que dá o tom na faixa do quarteto feminino Negaativa (Pula na Muvuca), também dançante. O veterano BNegão mescla raggamuffin, mais samba e conscientização social na excelente Prioridades, enquanto grupos como 3 Preto e Nucleo Sucata Sound exibem maturidade e esperteza na hora de selecionar seus samples e batidas. Na hora de "falar sério", o Esquadrão Zona Norte e Artigo 331 investem na estética gangsta, respectivamente com as nervosas Terror na Conduta 'Guerra 2', dando conta de que, apesar das praias, a barra também pesa e muito na velha Guanabara. Pedreda Pura, clique aqui e baixe!!


1. R$ 10 com filipeta R$ 8 (Marcelo D2)
2. MC's emergentes (Mahal)
3. Estaca zero (3 Preto)
4. Rude boy style (Black Alien & Speed)
5. Lenda viva (Inumanos)
6. Pula na muvuca (Negaativa)
7. Prioridade (B. Negão)
8. Positive sound (Nucleo Sucata Sound)
9. Aperte o play e aumente o P.A. (DJ Negralha)
10. Zona Norte (Artigo 331)
11. A maldição do samba (Marcelo D2)
12. Terror na conduta "Guerra 2" (Esquadrão Zona Norte)
13. A última do disco (Hip Hop Rio All Stars)

23/04/2009

Tristan Tzara




Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.

Tristan Tzara, representante do Dadaísmo, movimento claramente contrário à Primeira Guerra Mundial!

12/04/2009







"Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim. Não é agradável a minha história, não é suave e harmoniosa como as histórias inventadas; sabe a insensatez e a confusão, a loucura e sonho, como a vida de todos os homens que já não querem mais mentir a si mesmos."

Herman Hesse

11/04/2009

Linval Thompson - I Love Marijuana









"I Love Marijuana" (Trojan, 1978) é certamente o melhor LP da carreira do excelente cantor Linval Thompson. Acessorado pelos Revolutionaires, uma das melhores bandas jamaicanas ao final da década de 70, ele conseguiu unir o melhor dos estilos roots / rocksteady e rockers num álbum cuja sonoridade mistura, em perfeita harmonia, grooves românticos, funk e soul seguindo a cartilha do Tio Sam e produção fantástica. A faixa-título, I Love Marijuana, é o maior single do álbum, sendo executada nos rádios de pilha de todas as donas-de-casa de Kingston à época; existem outros belos petardos, no entanto: a funky Dread Are The Controller e Just Another Girl são ótimos exemplos do arsenal vocal do sr. Thompson, e também do esmero instrumental dos Revolutionaires. Há ainda a espetacular Not Follow Fashion, um hino anti-modismos que, trinta anos após seu lançamento, soa absolutamente atemporal. Um clássico.

1. I Love Marijuana
2. Dread Are The Controller
3. The Children Of The Ghetto
4. Dont Push Your Brother
5. Begging For Apology
6. Not Follow Fashion
7. Roots Lady
8. Big Big Girl
9. Just Another Girl


O PENSAMENTO REVOLUCIONARIO

Além dos confrontos entre estudantes contra policiais e soldados nas ruas e universidades da Europa, Maio de 68 foi também o período em que surgiram frases emblemáticas das novas idéias que surgiam. Elas apareceram em pichações, faixas, cartazes, e nas paredes das universidades.

Veja algumas das frases criadas pelos estudantes na época:


Liberdade

"Sejam realistas, exijam o impossível!"

"A imaginação ao poder"

"É proibido proibir"

"As paredes têm ouvidos, seus ouvidos têm paredes"

"Se queres ser feliz, prende o teu proprietário"

"O patrão precisa de ti, tu não precisas dele"

Poder

"Todo poder abusa. O poder absoluto abusa absolutamente"

"Todo poder aos conselhos operários (um enraivecido)
Todo poder aos conselhos enraivecidos (um operário)"

"Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo"

"O poder tinha as universidades, os estudantes tomaram-nas. O poder tinha as fábricas, os trabalhadores tomaram-nas. O poder tinha os meios de comunicação, os jornalistas tomaram-na. O poder tem o poder, tomem-no!"


Política

"Nós somos todos judeus alemães"

"A política passa-se nas ruas"

"Viva o poder dos conselhos operários estendido a todos os aspectos da vida"

"Trabalhador: tu tens 25 anos, mas o teu sindicato é do outro século"

"Todo reformismo se caracteriza pela utopia da sua estratégia, e pelo oportunismo da sua tática"

"Quando a Assembléia Nacional se transforma em um teatro burguês, todos os teatros da burguesia devem se transformar em Assembléias Nacionais"

"Juventude Marxista Pessimista"

Revolução

"Revolução, eu te amo"

"A revolução deve ser feitas nos homens, antes de ser feita nas coisas"

"Um só fim de semana não-revolucionário é infinitamente mais sangrento que um mês de revolução permanente"

"A revolução não é a dos comitês, mas, antes de tudo, a vossa.
Levemos a revolução a sério, não nos levemos a sério"

"Quanto mais amor faço, mais vontade tenho de fazer a revolução.
Quanto mais revolução faço, maior vontade tenho de fazer amor"

Universidade

"Abaixo a Universidade"

"Professores, sois tão velhos quanto a vossa cultura, o vosso modernismo nada mais é que a modernização da polícia, a cultura está em migalhas"

Solidariedade

Cartaz estudantil: "O movimento popular não possui templo"

"A sociedade nova deve ser fundada sobre a ausência de qualquer egoísmo e qualquer egolatria. O nosso caminho será uma longa marcha de fraternidade"

"Tu, camarada, tu, que eu desconhecia por detrás das turbulências, tu, amordaçado, amedrontado, asfixiado, vem, fala conosco"

Outros temas

"Abaixo a sociedade espetacular mercantil"

"Os limites impostos ao prazer excitam o prazer de viver sem limites"

"O sonho é realidade"

"Acabareis todos por morrer de conforto"

"O sagrado, eis o inimigo"

"Abaixo os jornalistas e todos os que os querem manipular"

"Abaixo o Estado"

"Viva o efêmero"

Fontes: livros "A Sociedade do Espetáculo" (Guy Debord), "Internacional Situacionista" (coletânia de textos publicados em Maio de 1968)